Ele tem algo de etéreo, e quem o observa com um pouco mais de
atenção, percebe que, embora ele se movimente no mundo cotidiano, nunca
está inteiramente aqui - a sua cabeça está ligada em um outro plano,
muito mais perfeito, repleto de sonhos e conceitos de como as coisas
devem ser, num sentido mais amplo e numa visão ideal de sociedade.
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Ele acredita que a vida não se resume a trabalhar, ganhar dinheiro,
namorar, casar e constituir família. Ele sente que ela tem um sentido
maior, e está sempre em busca de filosofias que respondam às suas
grandes questões existenciais, como porque estamos aqui e qual a minha
missão, e mostrem qual é o seu lugar no universo.
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Às vezes ele sente uma melancolia profunda, ao ver as pessoas
brigando por pequenas mesquinharias, pensando pequeno, e desrespeitando
umas às outras. Seu coração dói também ao ver as condições difíceis em
que muitos vivem, as injustiças sociais e as guerras. Ele sabe que a
vida não deveria se reduzir a isto, que o ser humano é muito maior e
poderia viver de uma maneira mais digna, justa, tranqüila e amorosa num
mundo melhor. Porque as coisas não são assim?
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No fundo, ele se sente um outsider, como um viajante que está de
passagem, a serviço de alguma coisa maior. Não gosta de ser enquadrado
em rótulos, pois não se encaixa muito nos parâmetros sociais. Ele se
considera um idealista e um cidadão do mundo.
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E é porque o seu foco está nos valores subjetivos, que ele muitas
vezes é um tanto desligado e não dá importância às convenções sociais.
Não é muito prático, pois não está centrado no lado concreto da vida, e
se sente limitado pela obrigação de viver na rotina e ganhar dinheiro.
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Ele é muitas vezes um visionário, uma vez que este seu pensar grande
lhe traz uma visão panorâmica da vida e lhe permite enxergar as
possibilidades nos projetos que ainda estão em potencial, e vê-los como
já completos e plenamente realizados.
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É claro que pessoas muito concretas podem considerá-lo meio
delirante nos seus altos vôos - imagine um diálogo entre um Perfil
Número 4, que privilegia a segurança material e o que é real, e só
acredita naquilo que pode ver e tocar, e um Perfil 22, cheio de ideais e
vislumbrando realizações maravilhosas, mas que no momento ainda estão
em projeto na sua mente – o primeiro acha tudo isso uma grande viagem do
22, enquanto o segundo considera o 4 muito limitado e não compreende
como ele não consegue visualizar as coisas sobre as quais ele está
falando, e que lhe parecem tão óbvias...
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Essa sua habilidade em ver o todo das situações vai torná-lo muito
hábil para lidar com projetos mais amplos – um arquiteto com o Perfil
22, por exemplo, vai preferir trabalhar com o planejamento urbano da
cidade a construir uma casa; um professor não vai focar apenas as suas
aulas, mas se dedicar a buscar as inovações e melhorias para o sistema
de ensino. E, é claro, você vai sempre encontrar o 22 ligado a projetos
sociais e comunitários, ajuda a creches, campanhas contra o frio,
esclarecimento sobre a Aids e em discussões sobre as injustiças e
preconceitos contra as mulheres, negros e homossexuais.
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Por outro lado, é nas pequenas coisas que ele se perde, como os
assuntos a resolver no dia-a-dia, os horários dos compromissos e as
datas de pagamento das contas. Portanto, a sua lição mais difícil e
importante é estar no mundo, com o pé no chão, construindo uma base
sólida no plano material para os seus sonhos.
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Só a partir desse aprendizado é que esse nosso personagem idealista,
filosófico e generoso, pode começar a efetivamente realizar a sua
missão - essa missão que ele tantas vezes pressentiu: se tornar um
grande construtor, ajudando a criar um mundo melhor para a sua grande
família - toda a humanidade.